sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Cisne perturbado


Boatos sobre um tesouro perdido, leia-se ouro, muito ouro, de um navio frances abatido pelos britânicos movimentou a tripulação do Cisne Perturbado. O capitão Blackwell avisou-nos da mudança de planos, estávamos aguardando navios italianos para roubarmos, tínhamos informações de que nos próximos dias eles se aproximariam das águas britânicas e era de interesse bastante lucrativo para nós angariar a mercadoria que traziam. Como todo pirata, a promessa de ouro nos fez vibrar com o novo objetivo, porém não nos passou mais nenhuma informação a cerca do boato.
- Como vamos chegar ao tesouro se o navio afundou? – perguntou Canino, pirata velho mas sensato, tem esse nome por seus caninos serem notáveis, os demais se manifestaram e concordaram com a pergunta dele.
- Há um cruzamento de correntes próximas ao local do abate onde a maré forte arrasta todos os destroços para as praias da ilha Média e é para lá que estamos indo. – Respondeu firme o Capitão. – Agora, levantem as velas, está na hora de cavalgarmos as ondas, ratos do mar! – e um coro de ‘’YO HO HO HO’’ veio em resposta, e todos correram para exercer suas funções. Segui o capitão, estava se dirigindo para o leme.
- Capitão, quantos dias de navegação?
- Uns 20 dias, porém, é preciso nos apressarmos, o boato está correndo rápido e não sou o único que conhece a ilha média, agora vá, vá preparar as velas.
- Sim, mas... – Nesse momento fui interrompido pela chegada de Natanael, o ‘’principezinho’’, só por que tem olhos verdes e cachos loiros acha que é especial... hmpft. O miserável é muito querido pelo capitão, este quando o viu chegar, deu de ombros minha fala e seguiu para por a mão no ombro de Natanael e explicar detalhes que eu furaria um olho para saber. Cheguei mais perto e ouvi falar ‘ ‘São por volta de 3 navios abatidos, o que pode dar uma soma de...’’ o capitão Blackwell me encarou reprovadamente e ordenou que eu voltasse para minha posição.
Já era noite e eu estava procurando Pikels, ele era o único que não apreciava um bom rum.
- Olá Pikels, você ainda tem aquela garrafa de rum? – Perguntei ao homem baixo e corpulento que respondeu enquanto desatava nós.
- Não trocaste algumas moedas por uma no ultimo porto?
- Bom, eu diria que, não sei, acho que já terminei a minha garrafa.
- Eu não vou dar a minha garrafa de rum. – Disse mais para si que para mim.
- Eu tenho moedas aqui, não quer trocar?
- De quem você roubou dessa vez? – Me olhou com o mesmo olhar negativo do capitão.
- Ouras Pikels, é essa a imagem que eu passo?
- Qual a razão de você estar no Cisne Perturbado mesmo?
- Ser um bom salteador?
- Então é sim essa a imagem que você passa pra mim. – Concluiu.
- Ingrato – suspirei e voltei a minha vigília noturna. Pouco tempo depois Canino sobe o convés aos gritos – quem roubou as minhas moedas de prata? – Se dirigiu a Pikels que apontou reprovadamente para mim.
- Onde estão as moedas, cretino? – Disse ele agarrando minha gola e puxando-me para próximo do seu rosto velho e feio.
- Eu não sei de que moedas está falando, as que tenho troquei por um par de botas velhas que encontrei – Disse tirando a mão dele da minha gola.
- Não seriam as minhas botas que desapareceram semana passada? – Sacou uma faca e a encostou no meu pescoço.
- Detalhes, detalhes, vocês nunca vão crescer se ficam tão apegados a pequenos detalhes. – Afastei a faca e sai andando.
- Não me de as costas, ladrão. – Ameaçou. Ignorei. Nesse momento fui derrubado pelas costas e senti um pé imundo me pressionar contra o chão.
- Me passe às moedas ou eu vou trocar seus dentes por outras – disse enquanto passava a faca por baixo da minha orelha.
- Não posso pega-las se você está esfregando o chão com minha cara. – E me levantando desatei uma pequena bolsa da cintura e dei para ele. – Aqui, pode levar.
- Bom mesmo – e dizendo isso, cuspiu nos meus pés e saiu. Suspirei, me apoiei na proa e observei o mar escuro, havia algo errado, o ar havia mudado, um cheiro diferente no ar, pólvora. Nesse momento escuto Canino gritar – Mas que merda! Você me deu uma bolsa cheia de pedras! Maldito James!!
Corri para avisar ao capitão sobre a possibilidade de um ataque mas mal tive tempo de alertar ninguém e o barco já estava sendo atacado. Flechas em chama se acenderam na escuridão do mar e foram atiradas contra as velas. Da luz proporcionada pelo fogo acesso das flechas podia se perceber o enorme barco, rapidamente foi jogado ganchos que puxaram o cisne perturbado para próximo do barco desconhecido. Houve um forte choque e da estrutura que saiu do escuro pulou vários homens armados. Saquei meu revolver e disparei contra um deles que estava no meu caminho, sacando minha espada, avancei contra o outro que vinha logo em seguida, estava a preparar uma bomba quando cortei-lhe as mãos e o chutei para fora do barco.
Corri em direção ao capitão mas não o encontrei, o barco estava um caos, dentro da cabine fui surpreendido por um espadachim, as janelas foram quebradas por flechas que a atravessaram e ele avançou contra mim aproveitando minha desatenção. Travamos uma luta de espadas onde ele me desarmou e perfurou meu braço, cai no chão. Olhou para mim como quem saboreava uma vitoria e preparou para transpassar meu peito com sua espada quando rapidamente saco minha arma e aponto para ele. Puxo o gatilho, descarregada. Ele sorri e... Cai. Não sei de onde mas uma espada o transpassa pela costas e das sombras se revela o Capitão Blackwell.
- Venha marujo, há piratas imundos para se matar nessa noite. – Quando terminou de afirmar isso, da janela passa uma flecha que o acerta no peito. Cai desamparado e arfando, corri para auxiliá-lo.
- Raios Capitão! Não pode se deixar levar!- O agarrei. Ele tossiu e falou:
- Por essa eu não esperava, não sei o que é pior, morrer de surpresa ou morrer nos seus braços.
- Sempre tão meigo, pediria que poupasse sua fala, mas não resisto as suas ultimas palavras carinhosas.
- Escute, quero que o meu barco, o cisne perturbado fique para Natanael.
- Para ele?
- Sim, ele merece... faça me esse favor, é meu ultimo pedido... Aqui está a moeda do ultimo dono do Cisne perturbado, de a ele...
- Ah... claro capitão, Natanael será o futuro capitão do cisne perturbado. – Olhou para mim com uma cara de reprovação e disse. – Que merda morrer nos seus braços. – E essas foram suas ultimas palavras.
A noite foi muito movimentada mas não tardou para conseguirmos dominar a situação, capturamos o capitão, roubamos os suprimentos, prendemos toda a tripulação e afundamos o barco. Após tudo se estabilizar, Natanael se preocupou...
- Céus, onde está o capitão Blackwell?- E a todos os demais se seguiram a mesma dúvida.
- O Capitão Blackwell está morto, morreu nos meus braços. – Um coro de ‘’ohhh’’ se propagou por todos no barco, se olharam silenciosamente e começaram a se indagar.
- Mas então, quem é o capitão agora? - falou um deles.
- Sou eu, ele deixou o Cisne Perturbado para mim. – Todos me olharam reprovadamente mas surpresos demais. – Aqui, olhem – levantei a moeda que ele me passou- Aqui está a moeda que é passada para todos os donos do Cisne Perturbado e ela foi passada para mim.
- Se você é o capitão, então você sabe o segredo que todos e somente os capitães do Cisne Perturbado podem saber.
- Sei – Respondi.
- E qual é?
- É um segredo, não?
- É – Parecia que não lhe havia mais argumento algum.
- Então, de agora em diante, O Capitão James esta no comando do Cisne Perturbado, se movimentem ratos imundos, reparem as velas, limpem o convéns, temos muitas águas para navegar e um tesouro a se conquistar!

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