sábado, 23 de março de 2013

Bruxa


-Agora, acalme-se! – Gritou Eddgar com um tal homem que recebemos aquela noite – vamos infeliz, respire um pouco e conte tudo devagar – disse, tentando acalmar o sujeito, esse homem chegara a nosso acampamento há poucos instantes, totalmente desorientado, afirmando coisas que nem os deuses acreditariam.
- Traga uma cerveja pra ele, Turjon, qualquer coisa! – Mandou Eddgar, e, antes que eu esqueça, Eddgar era o responsável pelo nosso acampamento nessas novas terras, a quem jurei lealdade e servia com minha tripulação, e agora ele estava pedindo a mim a cerveja, e eu me apressava em atender, não pela autoridade dele, mas pelo medo de perder alguma parte da historia do sujeito enquanto estivesse fora.
- Uma cerveja, rápido! – agora era eu quem pedia isso na cabana de mantimentos, esperando Loug apressar a bunda gorda dele e me trazer uma caneca com cerveja rançosa.
- O que foi dessa vez? – Perguntou, percebendo a movimentação no acampamento – o que esta havendo na tenda do Edd?
- Um homem estranho chegou com historias malucas.
- Disso fiquei sabendo, o que mais? Ele é do outro acampamento?
- Eu não sei, chega, conversamos depois.
Apressei-me na volta, sujando a barra da manga de minha túnica velha com a cerveja derramada na correria, quando entrei na barraca, todos estavam encolhidos e chorando, até mesmo o próprio Eddgar, que não derramou uma única lágrima mesmo quando seus próprios filhos morreram. Na verdade, não eram todos que estavam chorando, o homem não estava, alias, ele não era ele, era ela, uma velha enorme e séria, e isso me assustou muito mais que meus próprios companheiros aos prantos. Dei um passo para trás, já havia largado a caneca e minha mão já estava no punho de minha espada, quando Eddgar me interrompeu:
- O que você esta fazendo, imbecil? – disse, entre lágrimas – deixe que ela continue sua história!
- Mas, a historia, porque vocês... - estava sem palavras, mas o que eu poderia fazer? O pior é que não houve necessidade que insistissem que eu ficasse quieto, pois o simples olhar daquela anciã me gelou e eu travei em meu lugar, agora, enquanto escrevo isso, ainda sinto meu sangue esfriar, mas não esfriar como o frio de minha terra natal, mas um frio soprado pelo próprio Hel.
- Agora, continue, por favor! Oh, por favor! – suplicou Eddgar, e outrora isso me chocaria, porque Eddgar era duro e frio como o gelo, e estava agora como essa criança longe do peito da mãe, mas como já falei, eu estava muito atormentado com minhas próprias impressões.
- Basta, verme, continuarei. – Disse a velha, e, além de todas essas coisas que aqui escrevi, ainda lembro-me de como a voz que saiu desse sujeito era estranha, não era a voz de uma mulher velha mesmo, nem de um velho, era fria e cortante, como uma criatura da noite, daquelas que as historias contam. Eu senti um peso em mim e toquei meu amuleto, um velho martelo batido em pedra, aquilo costumava me dar sorte quando o tocava.
- E quando quarenta invernos passarem, após o beijo do sol vermelho nas terras do fogo gelado, uma ferida na terra se abrirá e inundará tudo com o sangue dela, o sangue vermelho e quente, ninguém pode tocá-lo, ninguém pode sobreviver, e todos que forem engolidos por esse sangue, irão direto para os salões frios do Hel, e vejo vocês lá, sim, todos vocês, desbravadores que abandonaram o lar e os filhos, vocês serão engolidos e morreram longe demais de suas espadas para garantirem a festança dos salões altos, agora, você... – Nesse momento, olhou para mim – mas você será pior – se fosse possível gelar mais do que eu já estava, eu teria virado um gigante de gelo, não tão grande, mas seria uma coisa parecida. – cairá na chuva de espinhos e demorará a eternidade para morrer, verá todos serem engolidos e mortos e não poderá fazer nada, a terra engolirá suas pernas e verá o fim dos que ama e dos que pensou amar, você vai...
Nesse momento, um dos nossos companheiros, Medrid, entrou na tenda, vestido para o combate, aliás, em combate, pois, assim que apareceu, ele trouxe todo o som do ambiente, e impressionante como antes estava tão silencioso enquanto ouvíamos a anciã, agora havia a explosão do confronto lá fora.
- Atacados! Estamos sendo atacados! Senhor Eddgar... oh deuses, o que esta havendo aqui? – Disse Medrid encarando a cena que já expliquei.
- Atacados? – Fui o único a percebê-lo.
- Sim, por Freya, o que esta havendo aqui? Rápido, precisamos agir! Senhor, senhor!
Eddgar não atendeu o chamado, nem nenhum dos outros, e eu percebi, de alguma forma, que não faríamos nada se esperássemos por eles, então me levantei e fui até Medrid.
- Vamos, eles não estão mais aqui, eu não sei o que está havendo, vamos! – O puxei para fora da tenda, com a impressão de que minha alma ficava lá dentro, porém o calor da batalha logo esquentou meu sangue e deixei esses fantasmas para trás. – Onde estão os outros? Onde atacaram?
- Estão na borda leste do acampamento, os malditos galeses espreitaram pela noite e trouxeram grande força, mas que bosta, nós não esperávamos por essa! – Disse Medrid, voltando ao normal, me acompanhando, enquanto descíamos a pequena encosta que levava a tenda do Senhor Eddgar.
A situação não estava boa, os nossos inimigos atacavam com força brutal e mal tivemos tempo de nos reunir a nossa parede de escudos, pois pouco antes de chegarmos, ela já estava rompida e espadas e machados faziam a chuva de ferro.
- Rápido, reúnam eles aqui, vamos, AQUI! – gritei, já de escudo, e agora, não me lembro onde o havia pegado – aqui! Sim!
Por sorte, muitos vieram e se juntaram a nós e refizemos uma parede de escudos a tempo de não perdermos tudo. Registro aqui apenas os acontecimentos desse episodio que mudou a minha vida, e penso se alguém, quando algum dia ler isso, saberá o que é uma parede de escudos, penso que claro que sim, saberão, pois é algo constante e definidor nas guerras e guerras são constantes e definidoras, mas algo me diz que as coisas mudam, e isso pode mudar. A parede de escudos era um método de combate onde nos alinhávamos, emparelhando escudo com escudo, a fim de termos a formação de uma parede, e dessa forma, resistirmos aos beijos do confronto, nos protegendo e atacando, a parede que fosse rompida teria a derrota certa. E fora isso que acontecera conosco, mas por sorte conseguimos refazer outra com os poucos que sobraram.
Muitas das nossas tendas estavam em chamas, malditas flechas incendiárias aquelas, dando uma luminosidade crepuscular no ambiente, e senti o temor tocar meu coração.
Meu escudo sobrepunha o de Medrid, que sobrepunha o de Flish, que por ai se seguia, nos travamos e observamos os galeses formarem sua parede de escudos também. Com todo o acampamento alertado, nosso lado passou a possuir maior contingência, o que intimidou os galeses e nos instigou ao desafio, passando para o canto da batalha, batendo em nossos escudos e ovacionando gritos de desprezo e desafio. Vendo nosso inimigo intimidado, começamos a avançar, passo a passo, mantendo a parede formada. Não demorou em chocarmos nossas paredes e perfurar nossos inimigos. A luta foi dura, mas estávamos em vantagem, então foi uma questão de tempo para quebrarmos a parede, rompendo toda a formação inimiga, entrando nela e trucidando-os. Lembro-me que naquela noite a minha espada, a Estrela vermelha, bebeu muito sangue inimigo. Nossa vitoria estava tão bem garantida, que já estávamos tomados pela certeza, os nossos inimigos fugiram e nos os perseguimos pelo campo aberto até a borda da floresta mais próxima. Nosso erro. 
Aquela amaldiçoada floresta soprou um vento mortal sobre nos. Um vento de aço, que cuspiu setas em todos que estavam comigo, e nos pegou de uma forma tão desamparada que foi avassalador. Muitos morreram, isso não preciso explicar, mas alguns sobreviveram, e eu tive o azar de ser um deles, deixe-me dizer como tudo aconteceu. Como já havia dito, estávamos perseguindo os poucos sobreviventes e os malditos nos levaram para uma armadilha, pois não é que havia uma força arqueira escondida naquela maldita floresta? Eles despejaram uma chuva de flechas e todos ao meu redor foram despencando. Fui atingindo no ombro com tamanha força que fui lançado para trás, esbarrando em outro guerreiro e indo ao chão. Quando olhei pra cima, o guerreiro que havia esbarrado, já estava com uma flecha plantada na goela, ajoelhou-se agonizando e dei sua arma para segura-la em seu ultimo momento, essa coisa de segurar armas era importante para nós. Tentei me levantar, mas as saraivadas continuavam e vi muitos caírem enquanto ainda não tinha se levantado, e me pergunto agora, porque não fiquei onde estava, pois assim que me levantei, fui atingido em meu joelho, à flecha atravessou e brotou do outro lado, aquilo parecia possuir os elementos de Thor, pois senti meu corpo ser atravessado por um trovão! Não consegui cair, a princípio, pois a flecha impedia que eu dobrasse meu joelho, essa flecha era diferente das outras, possuía uma pluma vermelha sangue, sangue mesmo, não duvidei de que fosse sangue, enquanto fiquei nesses pensamentos loucos outra dessas atingiu a minha outra perna boa, e a força foi tamanha que a lançou para trás, fazendo me cair de cara na relva.
Teria morrido ali se nossa força não tivesse recuado e algum bom companheiro ter me arrastado, meu ultimo olhar para a borda da floresta me fez tremer e estrebuchar feito um maluco, o que vi é difícil de acreditar pois a mesma velha maligna que encontrei no acampamento pouco antes disso tudo, estava lá, com um arco negro e flechas vermelhas, sorrindo para mim. Bruxa.
No acampamento, fiquei sabendo que Eddgar e os outros foram consumidos pelo fogo que atingiu a tenda e não fizeram nada, apenas choraram e morreram. Depois daquela noite nunca mais andei, nunca mais servi para o combate, nem para cavalgar um cavalo ou uma mulher, fiquei tão inútil como um bode magro. Voltei as minhas terras e estou aqui para morrer, mas a minha morte não chega, parece que ela está tão manca quanto minhas pernas, já vi todos meus entes morrerem, mas continuo aqui, vivo e impotente. E isso me lembra aquela profecia, ou feitiçaria, ou trama, mas tudo parece ter acontecido de uma forma ou de outra.
Foi tudo uma farsa, trazer a atenção do líder do acampamento enquanto planejavam um ataque, mas, teria sido mesmo isso? Nunca vi Eddgar chorar daquela forma, e um guerreiro de tantos confrontos, morrer como um cabrito, dentro daquela tenda em chamas... Não só ele, como os outros também, e o que aconteceu comigo, ‘’ cairá na chuva de espinhos e demorará a eternidade para morrer, verá todos sendo engolidos e mortos e não poderá fazer nada, a terra engolirá suas pernas...’’ Foi ela que atirou em mim, sei disso, mas, será possível ter sido mesmo ela? Eu não consigo acreditar, magia ou farsa? Profecia ou armadilha? Talvez esses sejam os escritos tolos de um velho que esta ficando ranzinza e devagar demais nos pensamentos, dizem que quando envelhecemos demais, voltamos a pensar como crianças, e talvez seja o que esteja acontecendo comigo, então basta e chega por aqui. 


quarta-feira, 6 de março de 2013

Nós somos os lobos I

Acordou todo cheio de preguiça, esticando-se na sua pequena cama forrada com palha e algumas cochas bem grossas.
            - Vamos, levante-se, se quiser ir comigo, tem que ser agora.
            Olhou pro pai sentado em sua cama, tentou abrir os olhos e vencer o sono, coçou o rosto e bocejou, reclamando.
            - Mas ainda ta de noite.
            - Já é quase dia, venha. – Disse, já estava arrumado, levantou e saiu pra fora de seu quarto, o pequeno garoto se espreguiçou mais um pouco e saiu relutante da cama. Vestiu-se e pegou sua capa para protege-lo do frio. Logo sentiu o sono indo embora, dando lugar a ansiedade, estava indo acompanhar seu pai em uma caçada.
            Quando saiu para fora, a mãe estava preparando uma caneca com leite quente e um pouco de pão para ajudar a acordá-lo. Beijou seu rosto e sentou junto dele a mesa enquanto ambos quebravam o jejum. Lentamente a luz ia surgindo, tímida, através da janela. Comeu, apressado para ir logo, mas a mãe o fez terminar a pequena caneca. De barriga cheia foi até fora de casa e encontrou o pai separando algumas das lanças, arcos e coisa do tipo que ele usava para caçar. Havia duas lanças, um pequeno arco, uma aljava com algumas flechas e o que surpreendeu; um pedaço de carvalho apontado. Quando o pai percebeu seu olhar, ele confirmou e disse.
            - Aqui está, esta será sua lança.
            - Uma lança? Vou poder caçar também?
            - Ora, mas você vai caçar comigo, não vai? Precisa de algo para isso, pegue, consegue segurar isso direito?
            - Olhe só, eu sou o senhor da caça – animou-se e pegou a pequena lança, era proporcional ao seu tamanho, embora ainda se atrapalhasse um pouco.
            - Venha cá – indicou o pai – Vou mostrar como você deve fazer. – E segurando suas mãos, colocou-as na posição certa ao longo do corpo da lança, dobrando os braços, mostrou como devia ser feito o movimento – puxe para trás e então estoque, estocar é fazer isso – e esticou os braços mostrando como se fazia – entendeu? – Olhou o rosto confuso do filho – Bem, pratique um pouco, eu vou lá dentro conversar com sua mãe.
            - Diga pra ela que eu vou levar uma lança pra caçada!
            - Ela vai ser orgulhar, agora pratique direito, afinal, queremos trazer um javali do tamanho de uma vaca. – riu. 
            - Caramba, um javali vaca...
Estava muito animado, seguindo para dentro da floresta enquanto tentava não topar em nenhum tronco ou raiz que começavam a se torna mais traiçoeiras e brincalhonas em seus formatos e tamanhos à medida em que se aprofundavam. Adorava pular e rolar entre elas, mas hoje ele não podia ficar agindo assim, estava caçando e isso era muito sério. Viu como o pai andava em meio as arvores e galhos, prestando atenção, atento e silencioso, um caçador, e era isso que ia fazer, observou o jeito que ele seguia, com a lança pesada apoiada no ombro, apoiando-a do mesmo jeito, porém, atrapalhou-se e topou, caindo com estardalhaço nos galhos, troncos e raízes.
-Silencio imbecil! – disse áspero e depois deu seu sorriso velho e caloroso enquanto o levantava com um puxão pelas roupas e o jogava em pé contra uma árvore – mantenha-se silencioso, lembre-se do que eu falei, e pare de se comportar como o barulho do traseiro de um boi. – riu e bagunçou o seu cabelo já tão bagunçado.
Seu pai havia prometido que dessa vez vai deixá-lo estocar a lança na corça quando conseguissem abater uma. Dessa vez não teria força para arremessar e atravessar a corça, mas garantiu que permitiria tirar a vida dela. – é bom aprender a tirar vidas desde cedo, para seu bem. – sempre lhe dizia, e era verdade.
            Não demorou muito para ouvirem não tão longe os leves passos de uma corça fêmea esmagando folhas mortas, olhando incerta ao redor, como que pronta para disparar ao primeiro sinal de intrusos, mas deixou seu senso de alerta de lado e voltou a se entreter com o mato verde do ultimo verão. Pai e filho esgueiraram, mas o pobre garoto se atrapalhou mais uma vez com a lança desajeitada demais para ele, afastando a corça.
- Pelo bom olho de Odin! Maldito seja, sangue de meu sangue! – Disse o pai, tomando a lança do garoto, - você ainda não esta na idade, vou levar isso aqui, e não faça essa cara.
- Desculpe pai, eu juro que vou levar direito, uma chance? - Seu pai o olhou sem intenções de mudar de idéia – uma chance?
- Que seja, mas haverá momentos em que você não terá uma chance, tem de entender isso, mas desta vez basta, tome – e deu a lança em suas mãos. Agarrou-a e a equilibrou mais uma vez imitando o pai, com toda a cautela que conseguia reunir para não fazer outra besteira. Por sorte, encontraram a corça não muito longe de onde estavam, e desta vez o pai o alertou com um olhar, como que ‘’não estrague tudo dessa vez’’.
Aproximaram-se com extrema cautela, tão silenciosos quanto alguém poderia ser em uma floresta. Quando estavam perto o suficiente, o pai preparou-se para jogar a lança, mas, em seu ultimo instante, deteve-se.
- Mas... – quis indagar o garoto sendo interrompido por ele, depois, em um gesto de indicação do pai, olhou para um determinado ponto da mata. E lá estava um lobo.
Estava olhando para eles, com olhos espertos que transmitiam o aviso de que tinha chegado primeiro. Era formidável, seu pelo cinzento escuro combinando perfeitamente com as sombras e a mata, e se não parar para observar bem, é perceptível apenas seus olhos amarelados como a lua. O garoto sentiu medo, mas estava com seu pai, que assistia tudo e indicou para que ele assistisse também.
Decidido de que não seria interrompido ou que devesse agir antes deles, saltou do seu esconderijo, com a boca escancarando-se a medida que se aproximava da corça, mostrando sua coleção de presas formidáveis, em um encaixe perfeito na vítima, enterrando-as como se enterra uma faca no queijo. A corça ainda se agitou, mas sob a pressão da mordida, amoleceu, entregando-se a morte. Provavelmente era um lobo solitário e velho, pois não dividiu a presa com nenhum outro.
De qualquer maneira, o pai arrastou o filho para longe, nunca se sabe quando há uma alcatéia.  Quando se encontrou longe o suficiente para sentirem-se seguros, disse:
-Trouxe você aqui para te dar uma lição, mas a que presenciamos aqui vai além da que simplesmente queria te dar, nessa nossa vida, na sua vida, precisamos fazer escolhas, há pessoas como a corça e há pessoas como os lobos, e você precisa decidir qual dos dois você será, você prefere devorar ou ser devorado? Vencer ou ser derrotado, caçar ou ser caçado?
-Bom, nós estávamos caçando, não é? – Disse indeciso, frente à questão complicada demais, colocada inesperadamente.
-Sim, nós caçamos, mas a vida vai muito além do que simplesmente caçar uma corça, meu sangue, você precisará aprender a devorar homens, pois você possui o sangue do norte.
-Devorar homens? – disse, meio horrorizado.
-Não devorá-los realmente, filhote de bode – e balançou-o pelos ombros, brincando – você tem de devorá-los em batalhas, em guerras e em saques, compreende isso?
- Como nas historias? – arriscou a resposta, meio certo de que era isso.
-Sim, como nas minhas historias, venha cá – aproximou-se – Você precisa fazer uma escolha para a sua vida, e você vai levar isso para sempre com você, me diga, você é um lobo ou uma corça? Você viu como o lobo agiu? Silencioso, astuto, rápido e feroz e suas presas dão a morte.
- Sim – concordou e o pai continuou.
- E a corça, você viu como ela agiu? Como uma presa, fraca, pronta para fuga, nascida para ser devorada. Há pessoas assim, fracas, estúpidas e que fogem dos problemas, apenas esperando a vida devorá-las, mas nós não somos assim. Somos astutos, somos fortes e ferozes, nos agimos rápido e temos nossas presas, as nossas espadas, e com elas damos a morte, e sabe por que fazemos isso?
-Por que?
-Porque nós somos os Lobos.


Agora, faça sua escolha.