terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Na cama do Diabo


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Acordei muito confuso, de um sono daqueles que nos deixa ressacado, abri os olhos com o desejo de fechá-los de novo e acabei adormecendo mais uma vez. Acordei dessa vez reunindo forças para superar o sono que me forçava ao chão, assustado, comecei a me dar conta de onde estava e isso tirou todo o sono. Um quarto branco e vazio, com duas portas, uma no lado esquerdo e a outra no lado oposto. A única coisa que não era branco era a macaneta preta. O que era aquilo? Levantei-me, examinei as paredes, cheguei a uma das portas e verifiquei se estava trancada. Não estava. Com certa ansiedade abri a porta e me dei de cara com outro quarto exatamente igual. Isso me assustou, muito, entrei no quarto receoso, observando pela porta o outro quarto e verificando o quanto eram parecidos. Assim que larguei a macaneta a porta se fechou, tentei abri-la, mas havia se trancado. Corri e verifiquei a outra porta, aberta do mesmo jeito, observei e me choquei quando me deparei com outro quarto branco. Coincidencia? Larguei a macaneta e a porta se fechou do mesmo jeito de antes. Caminhei no quarto, passando a minha mão na parede lisa, o que era aquilo? Um sonho? Uma brincadeira? Deus? Certo, vejamos o que há na outra porta. Toco a macaneta preta e a viro revelando outro quarto idêntico. Caminhei até a outra porta e abrindo-a encontrei outro quarto, caminhei e abri a outra porta, outro quarto, outra porta! Corri para a porta seguinte e topei, bati meu rosto na parede, machucando meu nariz, sentei e pus minha mão para reter o sangue. Observando o sangue sujar minha camisa percebi que até agora não havia me dado conta de onde tinha estado e como acabei vindo parar ali, lembro vagamente do inicio daquele dia, faculdade, bar com amigos, carro, coisas vagas. Levantei-me, o sangue já havia coagulado, olhei a minha volta, procurando algo, mas nada, somente as duas portas, a minha esquerda uma porta fechada, a minha direita uma aberta dando para outro quarto branco, um enigma a ser solucionado? Que misterio esconde isso... Deve haver uma saida por aqui. Fui até a outra porta, tinha certa esperanca de encontrar algo diferente do outro lado da porta. O mesmo quarto, entrei e comecei a me desesperar quando o que vejo chamou mais atenção do que o principio do meu desespero, encontrei as minhas marcas de sangue no quarto! Impossivel, eu sangrei no outro quarto, não nesse! Fui e examinei o sangue, até a marca deixada no chão pela minha mão era idêntica, isso realmente não era possivel. Com a ponta do meu dedo sujo risquei na parede um X, andei até a outra porta, entrei no quarto e encontrei o mesmo X. Sentei e senti toda aquela perplexidade me dominar. Que papo de fisica quantica explicaria isso? Um corte dimensional? Acho que estou sonhando e só, logo devo acordar... Mas essa dor, esse meu nariz, doi tanto, isso não é um sonho. Levantei-me e fui até o outro quarto, idêntico, e o outro também. Quando toquei na macaneta percebi que, se o que acontece nesse quarto reflete no outro, se eu quebrar essa porta, a outra porta também vai quebrar e no quarto seguinte as duas portas estaram quebradas, quem sabe assim eu quebre alguma corrente de destino, algo místico, físico, psicológico, o que for.
Abri a porta e comecei a chutá-la, observando se a porta do outro quarto se danificava também. Chutei, esmurrei, tentei de tudo, mas a maldita porta continuou intacta. Não sabia o que fazer, resolvi me jogar na porta até derrubá-la. Uma vez, duas vezes, três vezes e nada. Exausto sentei no chão e procurei não me desesperar e sim pensar em alguma saída. Tirei as chaves do bolso e tentei desparafusar a porta, mas não encontrei parafuso algum. Estou condenado a morrer assim? A viver meus últimos momentos sozinhos, sem jamais ser encontrado, desaparecido, o corpo abandonado. Abri a porta e segui em frente, abri a outra e continuei, continuei em um misto de desespero e esperança. Perdi a conta de quantas portas havia atravessado quando uma cor vermelha contrastou tão forte com o branco que parei por uns momentos coçando os olhos até realmente observar o que era. E no meio do quarto havia uma cama vermelha, toda vermelha, desde seu espelho até as pernas, lençóis e travesseiros. Mas não era só isso, na ponta da cama havia uma mulher sentada com um vestido vermelho. Cabelos negros, pele branca, tão branca, não sei de onde parei para me vir a cabeça mas aquele tom me lembrou porcelana, vidro, algo inumano, o vestido de maneira sensual se ajustava ao corpo dela. Sua boca vermelha em sorriso e seu decote exerciam em mim uma atração que devaneei um pouco até enfim chegar a seus olhos e me assustar com a cor deles, vermelhos.
-Este é o seu lar agora. – Saiu da boca dela em sentença, o seu tom de voz foi tão duro, tão antipático, que qualquer simpatia que eu alimentaria dali seria apenas sexual.
-Estou inclinado a discordar de você – Deixei meu escárnio ferir o silencio e dei as costas a ela caminhando até a próxima porta. O sorriso dela se desfez não pela rebeldia das minhas palavras mas pelo descaso. Uma das poucas coisas que aprendi com mulheres, sejam demônios ou o que for, nenhuma gosta de ser desprezada. E lá estava ela no quarto seguinte me fitando com aqueles olhos vermelhos vindos do inferno, certeza, vindos do inferno.
- Este lugar é meu, você não pode sair daqui, agora você também é meu. Só meu. – E de uma maneira tão sensual ela desceu seu dedo da ponta do decote até sua cintura abrindo o vestido por onde seu dedo passava, deixando assim o vestido se abrir mostrando seus seios perfeitos, se levantou e deixou o vestido descer pelo seu corpo revelando-o tão atraente e sedutor. Senti-me atraído de uma maneira tão sexual, tão selvagem, um desejo de devorar aquele corpo, de prová-lo. Veio em minha direção com mãos frias tocando meu corpo e rasgando minhas roupas. Puxando-me para a cama caímos juntos nela, me abraçou forte contra seu corpo, senti seus seios contra o meu peito e sua boca beijando o meu ouvido. Beijou-me e eu me entreguei a um gozo sem igual, senti sua boca descer pelo meu corpo e me beijar por onde passava, satisfazendo os meus desejos mais íntimos. Até que ela chegou a meu pescoço, beijando o como se isso lhe trouxesse mais prazer do que para mim, então, abrindo a boca levemente senti cravar em mim seus dentes e logo após percebi a pressão que ela exercia enquanto chupava, sugava, não sei. Gritei pela dor que logo foi substituída por um êxtase, um entorpecimento, meu coração batendo desenfreado, senti meu corpo falhar com a perda do meu sangue, senti meus olhos vacilarem e fecharem e a ultima coisa que ouvi em vida foi:
- Adormeça meu amor, hoje você irá dormir na cama do Diabo.

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

All work and no play makes jack a dull boy



All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy. All work and no play makes jack a dull boy...


All work and no play makes jack a dull boy.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Agente do Caos


Já haviam se passado duas horas desde que a energia caíra no bairro. Nos primeiros minutos houve bastante movimento dos moradores mas com o tempo todos se acalmaram, podia-se ouvir crianças brincando na rua, ver luzes de laterna ou velas se movendo nas janelas das casas e apartamentos, o silencio tranquilo e a escuridao calma. Ele estava na varanda do seu apartamento, resolvera ficar ali tocando guitarra a luz de uma vela que vez em outra oscilava com o vento, a sua família já tinha ido se deitar tem um tempo. Vez em outra parava e sentia a brisa fina e o silencio tranquilo da noite, pensamentos lhe doiam e logo o faziam voltar a tocar o instrumento afim de esquecer qualquer perturbação. Estava satisfeito, planos formigavam em sua mente, viagens, amigos, guitarra, então cortou o dedo mindinho em uma corda, levou o dedo a boca e chupou ele, suspirou um ''au'', pegou a vela e se levantou. Sentou no sofá da sala e observou o corte, um corte bobo. Espreguiçou e foi até a cozinha beber um copo de água. Uma sensação estranha perpassou ele, como se algo houvesse o ultrapassado, engasgou com o gole de água. Arfou um pouco e terminou o copo, quando pegou a vela e se dirigiu para sala ela apagou e ele acabou topando na quina da parede, resmungou baixo uns palavrões e começou a procurar fósforos no escuro da cozinha. Achou eles, riscou e acendeu a vela, porém, nesse exato momento viu algo correr de baixo da mesa e passar para o quarto dos fundos, esbarrou no fogão e desapareceu no escuro. O susto deixou a vela cair e apagar de novo. Atônito cai de joelhos e começa a procurá-la, a agarra e acende, quase esquece de respirar, atrapalha-se e acaba apagando-a com sua respiração outra vez ‘’merda merda merda’’. Se levanta e fica paralisado pensando no que fazer. O silencio doía de tanta ansiedade, anda hesitante em direção ao quarto dos fundos, seu quarto. A chama da vela torna cada sobra misteriosa demais, cada passo uma eternidade de sensações e suspense, entrando no quarto passa os olhos em todos os cantos e nada. Não olhará embaixo da cama, com muito receio começou a se abaixar, aos poucos a vela iluminando a escuridão embaixo e... nada. ‘’Talvez tenha sido imaginação’’ ele considera, porém quando esta se levantando a porta do quarto bate com força, ele gira mas não ve nada. Sai do quarto a tempo de ver o vulto estranho passar pela cozinha e arrancar a porta da geladeira causando um alto som estridente. O silencio senta como a poeira que baixa e ele escuta seu pai se levantar e correr em sua direção enquanto ouve seus irmãos e mãe gritarem em medo. Olhou para o pai e não encontrou palavras para explicar, nesse momento o som da mesa da sala se quebrando chama a atenção dos dois. O pai corre para a sala e então uma explosão de silencio. Sessou-se o som de passos, o som da mesa, o som dos gritos, um silencio duro prevalecia seguido de um chiado, um som estranho, sobrenatural, porém humano. Um grito rasga toda a noite, sendo quase impossível distinguir as palavras de dor e desespero do pai. Pavor era o que sentia, sem pensar em como reagir, o que fazer, nada vinha a ele. Os gritos eram tenebrosos e uma sinfonia de terror prevalecia naquela casa. Correu para o seu quarto e se trancou lá dentro, não conseguia pensar em seus irmãos, mãe, vizinhos, os gritos desesperados e aterrorizantes do pai só o enchiam de medo e pavor. Se encolheu no canto do quarto tentando tampar os ouvidos. Mais uma vez silencio e poucos segundos depois os gritos em conjunto de sua mãe e irmãos, rasgou a cabeca com as unhas tentando tampar os ouvidos... ''Chega!'' gritou, ''Chega! Pare!'' e saiu em disparada para os gritos, na cozinha passou e pegou uma faca, continuou em direção a sala e... Um cenário.
A sala inteira parecia tremer de medo com a luz tremeluzente de uma vela que jazia no chão, derrubada, derrotada. O que a luz revelava faria juz se realmente as coisas tremessem... Sangue, sangue, destruição. Pedaços de mesa, sofá, cadeiras partidas e... pedaços, corpos, cabeças, tripas, um cenário de horror. E no meio disso tudo havia uma figura ativa, o agente do caos. Coberto de sangue suor e ação, lá estava ele com uma faca suja nas mãos... Encarando a si mesmo, olha para a faca nas suas mãos e vê o sangue em seu corpo, em suas roupas, em sua alma. Ele era o agente do caos.

sábado, 27 de novembro de 2010

Êxtase


Naquele ano, em que eu estava com dezesseis anos, chegou uma trupe de atores italianos com uma carroça pintada em cuja traseira montaram o palco mais elaborado que eu já havia visto. Encenaram a velha comédia italiana com Pantaleão e Polichinelo, e os jovens amantes Lelio e Isabella, o velho médico e todas as velhas tramas. Eu assistia a tudo enlevado. Nunca havia visto nada como aquilo, com aquele talento, vivacidade e vitalidade. Eu adorava mesmo quando as falas eram tão rápidas que não se podiam acompanhar.
Quando a trupe terminou e recolheu o que pôde da multidão, vagabundeei com eles pela estalagem e ofereci a todos o vinho que não tinha dinheiro para pagar, só para poder conversar com eles. Sentia um amor indizível por aqueles homens e mulheres. Eles me explicaram que cada ator tinha seu papel por toda a vida, e que não decoravam as falas, pois improvisavam tudo no palco. Você sabia o seu nome, conhecia o personagem, interpretava-o e o fazia agir e falar como pensava que ele devia fazer. Aí estava a genialidade.
Era a chamada de commedia dell'arte.

Eu estava encantado. Apaixonei-me pela jovem que interpretava Isabella. Entrei na carroça com os atores e examinei todos os trajes e o cenário pintado, e quando estávamos bebendo de novo na taberna, eles me deixaram interpretar Lelio, o jovem amante de Isabella, depois aplaudiram e disseram que eu tinha o dom. Eu podia improvisar assim como eles.
A princípio, pensei que não passasse de bajulação, mas de uma maneira muito real não me importava se fosse bajulação ou não. Na manhã seguinte, quando a carroça partiu da aldeia, eu estava nela. Estava escondido na traseira com algumas moedas que conseguira economizar e toda minha roupa embrulhada num cobertor. Eu ia ser ator.
Pois bem, seguindo a velha comédia italiana, Lelio devia ser muito bonito; ele é o amante, como já expliquei, e não usa máscara. Se tem boas maneiras, dignidade, pose aristocrática, tanto melhor, pois isto faz parte do papel.
Bem, a trupe pensava que eu havia sido abençoado em todas essas coisas. Eles me orientaram logo para a próxima apresentação que fariam. E, no dia anterior à nossa encenação do espetáculo, circulei pela cidade — um lugar muito maior e mais interessante do que nossa aldeia, com certeza — anunciando a peça juntamente com os demais.
Estava no paraíso. Mas nem a viagem, nem os preparativos, nem a camaradagem com meus colegas atores chegaram perto do êxtase que senti quando enfim pisei naquele pequeno palco de madeira. Eu ia em busca de Isabella cheio de paixão. Descobri o dom de dizer versos e ditos espirituosos que jamais suspeitara ter na vida. Podia ouvir minha voz ressoando nos muros de pedra à minha volta. Podia ouvir as risadas da multidão vindo a mim. Quase tiveram que me arrancar do palco para me fazer parar, mas todo mundo sabia que havia sido um grande sucesso.
Naquela noite, a atriz que representava minha enamorada concedeu-me seus favores mais especiais e íntimos. Dormi em seus braços e a última coisa que me lembro ouvir ela dizer foi que, quando fôssemos a Paris, encenaríamos na feira de St.-Germain e depois deixaríamos a trupe e ficaríamos em Paris, trabalhando no bulevar de Temple, até entrarmos na própria Comédie Française e nos apresentarmos para Maria Antonieta e o rei Luís.
Quando acordei na manhã seguinte, ela havia ido embora junto com todos os atores, e meus irmãos estavam lá.
Eu nunca soube se meus amigos foram subornados para me abandonar, ou se apenas fugiram de susto. Mais provável que seja o último. Seja como for, fui levado de volta para casa mais uma vez.

O Vampiro Lestat - Anne Rice

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ganância de copas



Bom, vou contar um certo acontecimento, podem acreditar ou não, mas o que resolvi escrever aqui vale a pena ser lido.
Era uma noite daquelas, estava só em casa, a madrugada já chegava e infelizmente não havia encontrado nenhuma programação para a noite. Procurei alguma bebida, em vão, a última eu havia bebido no dia anterior. Procurei alguma comida no armário, mas como sempre eu havia esquecido de fazer compras. Fui até a janela e olhei o céu azul, era noite de lua e o céu estava com uma tonalidade diferente. Resolvi descer e ir para o jardim, deitar e observar as estrelas. Fiquei lá um tempo, uma estrela me chamou atenção e fiquei a observar ela. Pensei:
-Será que há alguém nessa estrela me observando como estou fazendo agora?-
E me dei conta que foi o pensamento mais ridiculo daquela noite.
Era hora de entrar, já passava da meia noite. Liguei a Tv e procurei por algo interessante, fiquei a passar os canais e nada bom me chamou a atenção. Vi passar uns jogos, uns filmes sem sentido, algumas musicas e enfim decidi parar em um seriado. Deitei-me no sofá e voltei minha atenção a TV. Sabe aquela sensação estranha de que está sendo observado? Apesar de só ver alguém indagar dessa forma em filmes, sei que sabem do que estou falando, enfim, era uma sensação incomoda, mas resolvi ignorar, continuei a ver TV. Estava quase adormecendo quando vi um rosto se projetar da parede do corredor. Fiquei quieto sem parar de olhar até ter certeza de que estava realmente vendo aquilo. Era um rosto pertubador, havia uma expressão psicotica, olhos arregalados me fitando como um louco. Era algo fantasmagorico, era meio apagado, estava e não estava ali, os olhos às vezes se mostravam visiveis, outras se tornavam totalmente escuros e indecifráveis como lentes de oculos escuro. Ficamos a nos encarar e de fato era real, o que quer que fosse aquilo estava ali e não era sono ou fantasia. Após concluir isso um medo fez arrepiar os pelos do meu pescoco e eu congelei naquele olhar sinistro. O medo estremeceu todo meu corpo, mas eu tinha que fazer algo o que fez a razão prevalecer, pensei em tentar me comunicar com aquilo, mas tive receio que qualquer movimento meu o fizesse ir embora. Tentei falar, mas minha voz estava presa, não saia, simplesmente não falei. Tentei me mexer também e estava sem forças, não conseguia mover sequer os dedos, somente os olhos que ficaram vidrados observando o rosto. E ele pareceu se mexer, a boca comecou a se abrir e sim, ele iria falar algo...!
- A sua... – O som saiu com um vácuo sobrenatural, e se eu tinha algum medo, ele se intensificou com aquele som...
- ... A sua ganância de copas...
E, como que interrompido, fechou a boca e se recolheu para a sombra da parede.
Fiquei a olhar para o mesmo lugar durante vários minutos e só me dei conta de que já podia me mover quando percebi minha respiração arfante, me levantei e em uma explosão de coragem corri para o corredor a procura daquilo, acendi a luz, corri para o quarto, verifiquei as camas, não, não estava lá.
Desde então essa frase... esse sentido...
A minha ganância de copas.