segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre um sonho




Estava digitando, pesquisando algo e havia certo movimento de pessoas na casa, e uma delas era minha tia que veio ter comigo uma conversa, na verdade, eu insisti na conversa, ela passou por mim e disse ter ‘’assuntos para se falar’’ mas ela sempre deixa pra me falar outras horas, o que me dá o dever de insistir no momento se tiver interesse em ouvir o que ela diz. Essa minha tia diz poder falar com espíritos, ela conversa com eles, e eles dizem coisas a ela, e dessa vez havia um recado para mim. Eu fui atrás dela, já que ela me deu as costas e não deu atenção ao meu interesse, mas nós paramos e nos deparamos com uma imagem escura na parede. Uma imagem queimada na parede.
- É uma garota? – Perguntei sem esperar resposta e ela disse.
- Eles que fizeram – Disse com um ar sombrio. – É a sua mãe.
- Minha mãe?
- Sim, quando jovem, quando era uma menininha. – e a imagem realmente se assemelhava a uma foto da minha mãe quando criança, ela interrompeu meu pensamento e disse:
- Me falaram que tentaram assassinar você, tentaram matá-lo. – Ela estava muito séria, e ela vez em outra trocava o tempo do verbo dizendo ‘’assassinaram’’. – Esteja atento, tentaram assassinar você, assassinaram, tentaram assassinar você.
Eu estava um pouco perplexo, sem saber a veracidade do recado, das possibilidades, mas um temor mórbido me dominou e certas indagações começaram a poluir minha mente como ‘’Então a minha vida está no fim? É isso? Tudo que passei e que vivi me leva a isto, e tudo que deixei de viver não será mais que desejo para os meus pensamentos mórbidos de agora em diante...’’ A idéia havia entrado em minha mente como se o fato de tentarem me matar já tivesse ocorrido, bem como as palavras da minha tia ditas em tempos verbais diferentes.
- Me diga quem tentou isso, quem tentou me matar, e quem te falou? Eu preciso saber.
- Não, eu não posso falar isso. - Eu sabia que não adiantava insistir em relação ao anonimato dos envolvidos, eu precisava pensar sobre o que poderia ser feito com as informações que tinha, por onde poderia começar.
- Venha aqui, eu lhe passarei uma mensagem mental, venha aqui, vamos tentar isso.
-Uma mensagem mental?
-Sim, te direi algo sem que eu precise falar com você. – E dizendo isso tocou minha testa, senti um choque e cai.
Acordei, acordei com dificuldade, como se alguém estivesse segurando-me contra a cama, mas acordei, olhei pela janela, era uma segunda-feira chuvosa. Peguei um casaco e fui ao banco. Então foi só um sonho? Ou...

sábado, 14 de maio de 2011

Caminhando para o vazio


Tedd Carson era o tipo de garoto fraco na autonomia, era do tipo que dependia dos outros para o mandarem fazer algo, o típico garoto sem personalidade que segue os outros. Tedd estava passando por um tempo sem amigos, sendo rejeitado por todo mundo que topasse, até que encontrou um grupo de jovens diferentes, mas diferentes mesmo, que o acolheu. Gostavam de ser chamados dos Filhos de Samael, usavam muito preto, botas pesadas, crucifixos invertidos, típico grupo gótico ou satânico, deduziu Tedd. Pregavam o mal e a tristeza, a dor e o satanismo, e, para Tedd, isso era demais, enfim algo onde ele poderia criticar, falar mal, jogar bosta em todos aqueles que pisaram e o rejeitaram, contra até mesmo Deus que não resolveu ajudá-lo nem um pouco nas constantes vezes que fora humilhado e deixado de lado. Percebe-se que Tedd não demorou em se aproximar do grupo, logo passou a ser chamar de Dark wolf of the eternal chaos, para os mais íntimos, Dark Wolf. Não demorou para Dark Wolf ganhar prestigio no grupo, visto tanto ódio e rancor contra as idéias cristãs, morais e éticas.
Estava chegando um dia muito esperado pelos Filhos de Samael, uma sexta-feira 13 onde a lua cheia estava de maneira incomum, maior que os últimos meses, era chamada por eles de ‘’A lua do chamado’’ e como filhos de Samael, Lúcifer, devem atender a seu chamado. Para atender ao chamado é preciso fazer um ritual conforme explica no livro dos livros e eles estavam fazendo os preparativos. O local já fora escolhido, seria uma clareira encontrada na mata próxima a cidade, agora era preciso o sacrifício de uma garota que acabará de ser desvirtuada. Tedd não ficou nem um pouco apreensivo visto as idéias bestiais para se realizar o ritual, não se intimidou, ele queria atender o chamado.
Era quinta à noite e eles deveriam realizar o sacrifício na virada da noite para a sexta-feira 13. Tedd sabia bem quem escolher como a virgem para ser desvirtuada, em sua loucura perversa, apontou a sua irmã como alvo, já que sabia que era a única virgem que conhecia com certeza e também a fim de ir contra todos os princípios cristãos vigentes. Foi até em casa e chamou por ela que apareceu a porta uns instantes depois.
-Hey! Onde você esteve nesses dias? Mamãe está preocupada com você! – Exclamou a irmã. Era um pouco mais nova que ele, com uns 16 anos, era loira e tinha olhos escuros, sempre invejou amorosamente os olhos verdes de Tedd Carson.
- Shhhhh! Eu vim aqui pra conversar. – Disse Tedd pedindo silencio com a mão.
- O que tem havido com você? Nos... nos estamos preocupados com você! Venha, entre, mamãe está no banho, vou chama-lá.
-Não, escute, eu preciso conversar com você, eu preciso te dizer o que aconteceu. – Em um instante teve um principio de arrependimento pelo que estava fazendo, uma sensação de ‘’não é tarde para voltar atrás’’ mas ele não deu ouvidos, ele não era mais Tedd irmão de Karen, era Dark Wolf, filho das trevas.
-Tudo bem... – Disse Karen desconfiada, pegou um casaco e foram caminhar. Após uns minutos caminhando em silencio, ela o quebrou:
-Por que tanto suspense? O que houve? – Disse se agarrando ao braço dele.
-Eu mudei um pouco...
-Percebo, mas, o que houve com você?- Ao encarar o olhar dela, o olhar de preocupação, nunca sentiu tanto amor por alguém, na verdade, nunca se sentiu tão amado. Olhou nos olhos dela, com aquele ímpeto crescendo nele, de voltar pra casa, de voltar a ser o Tedd e tentar mudar as coisas de uma maneira diferente. Se aproximou dela e a beijou. Ela tentou se soltar e gritou com ele.
- O que você está fazendo!?- E começou a cuspir e chorar, aquilo o magoou, na verdade ninguém o amava mesmo, Concluiu. Então, começou a chutar a irmã até a deixar desacordada.
Carregando sua irmã, foi o ultimo do grupo a chegar à clareira. Lá estava a clareira, cheio de troncos queimados e no centro dela um pentagrama pintado onde os cinco escolhidos do grupo se encontravam cada um em uma ponta, exceto por ele que acabara de chegar. Jogou a irmã no chão e se dirigiu para sua ponta, os outros que foram escolhidos para ajudar no ritual partiram em cima da garota e arrancaram lhe as roupas, socaram seu rosto até engasgar com o choro e a jogaram no centro do pentagrama.
O escolhido para desvirtuar a virgem, claro, foi Dark Wolf. Dirigiu-se ao centro e montou na irmã, abriu suas pernas e começou o serviço, ela gritou, muito, e toda vez que ela o fazia ele a socava com muita força, para ele era o máximo, nunca havia chegado tão próximo de uma garota assim e também nunca havia demonstrado tanta força e poder sobre alguém, a estranheza de irmãos não o abalou já que o rosto dela estava tão inchado que mal a reconhecia. Depois de se acabar com o corpo dela, já quase desacordada, levanta-se e volta ao seu ponto. A cada um fora destinado a adaga-dente, diziam ser o dente de Lúcifer que os tragariam para os braços dele. Os cinco se levantaram e foram até o centro, ajoelharam-se ao redor da vítima, empunharam as adagas e aguardaram a leitura.
‘’Que os teus dentes saboreiem a carne do pecado, do sangue e da morte, da queda do homem e da ascensão do anjo que caiu, sinta o gosto da oferenda que nos te damos a fim de que nos trague para os seus braços e nos de força e poderes além dos comuns, para assim propagarmos sua mensagem de caos e horror’’
Dito isso, os cinco cravaram a adaga-dente na barriga de Karen. Uma sensação perpassou a todos os cinco, as mãos grudaram na adaga, alguns tentaram largar, outros tentaram fugir, mas eles ficaram presos ali. O corpo começa a gritar, mas um grito sobrenatural saia do corpo de Karen. Os outros estavam assustados demais, no fundo achavam que era tudo uma brincadeira de mal gosto, nunca chegaram a imaginar que isso iria além do natural. O Sangue que brotava da sua barriga dilacerada começou a ser tragado pelas adagas, e, começaram a ser passados para os escolhidos. Veias negras começavam a se mostrar, a medida que subiam e preenchiam o corpo dos escolhidos. Tedd estava com medo, muito medo, mas também ansioso. Dos espectadores, muitos haviam fugido, outros estavam assistindo sem palavras o que se passava, a garota responsável pela leitura retomou o ar e continuou.
‘’Agora, provado o sabor da carne, prove o valor do nosso mal...’’ Na seqüência é dito que apunhalem o próprio coração para assim ganharei os poderes máximos. Imediatamente as adagas foram libertas e uma força incomum moveu o braço deles em direção ao próprio coração, Tedd sabia que não era ele, mas não tinha medo, ele viu o poder, e agora ele seria seu. A adaga encostou-se no seu peito e foi enterrada brutalmente. Ele não estava morto, ele sentia a adaga vibrar cravada em seu peito, olhou para os outros e viu que estavam sendo tomados por figuras negras e percebeu que a vista dele estava escurecendo, estava sendo envolvido, como se mil braços negros o abraça-se ao mesmo temo.
A escuridão estava entrando nele, estava entranhando, estava sentindo o poder, sua visão, sua agilidade, sua força, a adaga trincou e se desfez em cinzas e ele ficou em pé, dele emanava uma energia obscura, tudo agora era preto e branco e ele sentia um poder sem igual. Socou o chão e o rachou, saltou e quase voou, correu e se sentiu mais veloz que um carro, rasgou uma arvore no meio somente com o olhar, ele era invencível... mas, onde estavam os outros? Não havia ninguém, era como se todos tivessem desaparecido, voltou para o local da clareira e não encontrou ninguém, não, havia uma pessoa, mas não era ninguém do seu grupo, era uma pessoa encapuzada. Ele foi até ela, mas percebeu que a cada passo que dava as coisas ao seu redor iam se desvanecendo, como se estivessem sendo apagadas, quando chegou a figura, a maioria das coisas estavam apagadas, turvas.
-Quem é você? – Perguntou um pouco receoso mas confiante, visto todo o poder que possuía agora.
-Eu sou aquele a quem vocês chamaram. – O rosto estava coberto pelo capuz, totalmente engolido pela sombra.
-Você é ele?
-Sou aquele a quem vocês chamaram. – e lentamente se via crescer um chifre vermelho das sombras do capuz.
- Então, então, por que as coisas estão desaparecendo? –Perguntou, já que no momento isso estava começando a o preocupar. – Onde estão os outros?
- Mortos, todos mortos, inclusive você.
- Impossível, eu estou aqui, tremendamente forte, poderoso, agora, pela primeira vez na vida sou poderoso.
-Na morte, você quer dizer... tudo o que você fez é delírio de sua morte, você está morto, você solidificou sua alma em vazio, você está condenado a passar a eternidade nesse vazio. Normalmente costumo os deixar vagando sem saber da verdade, mas quis ter prazer de vir pessoalmente te dar as boas novas.
- Não, isso é impossível, olhe, veja como sou invencível! – E em um movimento partiu a figura ao meio. O capuz caiu vazio e dele começou a brotar uma energia opaca, como se fosse consumindo toda a luz do ambiente.
- Não, você nunca foi e nunca será, agora não é nada e viverá no vazio eternamente, sem direito ao sono eterno. – A luz estava acabada e a sombra havia consumido tudo, Tedd não via nada mas continuava a ouvir a voz dizendo lhe coisas... Ele estava com medo, na verdade não tinha poder nenhum, não era nada, não tinha nada... sentindo aquele desespero brotar no peito, aquela dor crescendo imensamente, a escuridão em seus olhos, a tristeza tomando tudo, murmurou:
- Oh Deus, onde estas, Deus, me salve...!
E na escuridão um par de olhos vermelhossurgiu e o encarou.
- Reze para o seu Deus, o seu Deus agora é o Vazio.