terça-feira, 30 de março de 2010

Ponto de vista

''- O mal é um ponto de vista - sussurrava agora. - Somos imortais. E o que temos à nossa frente são os ricos festins que a consciência não pode julgar e que os homens mortais não podem conhecer sem culpa. Deus mata, assim como nós; indiscriminadamente. Ele toma o mais rico e o mais pobre, assim como nós; pois nenhuma criatura sob os céus é como nós, nenhuma se parece tanto com Ele quanto nós mesmos, anjos negros não confinados aos parcos limites do inferno, mas perambulando por Sua terra e por todos os Seus reinos. Hoje quero uma criança. Sinto-me uma mãe... Quero uma criança!''

Lestat de Lioncourt em Entrevista com o Vampiro.

terça-feira, 16 de março de 2010

A Historia da Loucura


Antigamente a loucura já teve o seu lugar na sociedade, sendo respeitada e não conhecida como uma doença de fato mas sim, para alguns, como um dom, eram considerados sábios, simbólicos, oráculos, videntes, na antiga Grécia a excentricidade era algo respeitado, o sábio louco refletia a loucura da humanidade e até a idade media os loucos tinham esse papel, ditos possuidores de uma força sobrenatural. Havia estudo sobre o distúrbio mas a maioria eram casos isolados. A loucura tinha as suas manifestações, pode se ver isso na arte como as ultimas manifestações da idade gótica onde toda a sua produção foi dominada pelo pavor da morte e da loucura. A dança macabra representada no cemitério dos inocentes ou o Triunfo da morte sendo cantada nos muros dos campos santos de Pisa, sucedem as inúmeras festas e danças dos loucos que a Europa celebrava de bom grado durante o Renascimento, espetáculos dados pelas ''associações dos loucos'', também textos filosóficos como a Stultifera Navis de Brant ou o Elogio da Loucura de Erasmo. Criando finalmente toda uma literatura da loucura. Shakespeare e Cervantes no fim do Renascimento são testemunhas do grande prestigio da loucura.

Porém com o advento do capitalismo o modo de produção se alterou e assim a necessidade da sociedade também, por não ser prioridade a produtividade, a loucura era tolerável mas com a necessidade de produção capitalista o louco foi banido e isolado. Ou seja, a exclusão dos que afetam o bom funcionamento da sociedade, então assim foi criado internatos com a suposta idéia de acolher os loucos e reabilitá-los, quando se tinha real objetivo de prende-los e excluí-los e com esse objetivo acabou por agrupar os loucos com portadores de doenças venéreas, libertinos e muitos criminosos o que provocou uma assimilação negativa a loucura.

Com o passar do tempo a Loucura voltou e conseguiu denunciar o erro moral e ético que a sociedade estava cometendo, com a prisão, a exclusão, o banimento, e com isso foi discutido a liberdade para os demais grupos em exclusão, mas para a loucura isso não funciona dessa maneira visto que um louco pode-se tornar perigoso para sua família ou o grupo em que convive, sendo assim médicos e psiquiatras tomaram a frente para ‘’reformar’’ os manicômios tornado assim um estabelecimento dedicado aos loucos e tão somente a eles, com a função de reabilitar. Foi se pensado assim em criar o asilo ideal para o louco onde tentaram através de trabalho ininterrupto a cura, como re-significar valores e sentimentos, desde dependência, humildade, culpa, e outros mais, peças chaves para reconhecer os sentimentos morais para uma equilibrada vida familiar. Dessa forma o louco passava a ser vigiado nos seus gestos, rebaixado nas suas pretensões, contradito no seu delírio, ridicularizado nos seus erros, e isto sob a direção de um medico que esta mais encarregado de um controle ético que de uma intervenção terapêutica. Apesar da extensão das medidas de tratamento elas se tratavam em geral de buscar a cura através da punição, um sistema punitivo onde o louco era minorizado, infantilizado e a loucura sendo culpabilizada, sendo originariamente ligada ao erro, tendo como real objetivo a reeducação moral e religiosa nos valores burgueses.

Os estudos psiquiátricos se seguiram e foi decidido trabalhar a loucura com medicação, ou seja, o aprisionamento físico foi deixado de lado para em troca, aprisionar a mente, a medicação da loucura, prendendo o sujeito em si mesmo através de remédios. Encontramos aqui a sina da loucura na modernidade e como devemos lidar com ela, devemos aceitar esse tipo de experiência em cima do sofrimento humano?Reduzidos a cobaias e presos em gaiolas onde aguardam a deterioração de sua moral e dignidade até serem reduzidos a nada? O funcionamento esta errado, procurar a solução através da punição ou deterioração mental não é a alternativa certa, a loucura deve ser estuda pela psicologia, deve ser buscada e não deixada de lado pois,finalizando assim, com as palavras de Michael Foucault, importante pensador sobre o assunto, diz: '' A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia.''



Bem Vindo ao Lar (Sanatório)

Bem vindo ao lugar onde o tempo pára
Ninguém sai e ninguém sairá
Lua cheia, parece que não muda nunca
Apenas rotulado como desajustado mental
Sonhar o mesmo a cada noite
Eu vejo nossa liberdade a vista
Sem portas fechadas
Sem janelas trancadas
Sem coisas para fazer meu cérebro ter medo

Durma, amigo e você verá que sonhar é minha realidade
Eles me mantém trancado nesta gaiola
Não conseguem ver que por isso que meu cérebro diz
Ódio?

Sanatório, me deixe em paz
Sanatório, apenas me deixe sozinho

Construa meu medo do que está lá fora
E não poder respirar o ar livre
Suspire coisas em meu cérebro
Garantindo-me que eu sou insano
Eles acham que nossas cabeças estão em suas mãos
Mas hábitos violentos geram planos violentos
Mantenha-o amarrado, isto faz bem a ele
Ele está se tornando melhor, não vêem?

Eles não podem mais nos manter presos
Ouçam, diabos, nós vamos vencer
Eles vêem bem
Mas eles acham que isso nos salva do nosso inferno

Medo de viver ou nativos se tornando selvagens agora
Motim no ar, algumas mortes a fazer
O espelho olha de volta
Matar, é uma palavra bastante amigável
Parece ser o único jeito de sair novamente

Welcome Home (Sanitarium) Metallica Composição: J. Hetfield / L. Ulrich / K. Hammett