segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um ultimo beijo

Os convidados estavam chegando e ele os recebia com todo o seu charme e cavalheirismo, perguntando sobre a família, elogiando as roupas e lamentando os que não vieram, se recostou na janela, com uma taça de champanhe na mão enquanto admirava a vista e escutava o cacarejar das falas na sala de estar. Odiava a todos, ah como os odiava, sentia aquilo tão vivamente percorrendo seu sangue à medida que bebia. Sr. Carl com sua ânsia em comer como se não houvesse amanhã, a Sra. Berta e seu magnífico jeito de encontrar um defeito em tudo, Mr. Guliver e sua capacidade em falar como um papagaio, ou então Sr.Wood e seu ar de sempre estar com razão, mas muitos outros que chegavam e se mostravam mais insuportáveis que os outros, era tanto rancor que se esqueceu de porque chamou-os, porque mesmo? Ah, por ela, mas ela ainda não havia chegado, Elizabeth Bolton, ah, isso mesmo, por ela mesmo que ele tinha armado tudo.
- Está muito charmoso hoje, Sr. Alan Ronnie – trouxe o de volta dos seus pensamentos a Srta. Milenda Grow com seus olhos miúdos e claros e boca aberta em um sorriso branco.
- Ah, gentileza sua, madame, de certo que seus olhos já devem estar enevoados com o álcool. – Milenda soltou risinhos e disse:
- Ora, não seja bobo, Mamãe adoraria velo tão bonito assim, pena ela não poder ter vindo.
- Eu lamento muito, espero que mande lembranças para ela, na Itália, é isso?
-Sim, está tão animada, Papai acha que poderá ir para a França também logo mais, estou certa que irá nos visitar em breve.
- Tenha certeza disso – e sorriu – bem, agora com sua licença, tenho convidados para receber.
Era ela, enfim, sentiu o coração saltar, enfim ela chegou, ah, tão linda, admirou-se, sempre o admirava quando a via, estava com um vestido azul de um tom tão profundo que se ajustava tão bem ao seu corpo, delineando perfeitamente suas silhuetas, combinando com seus grandes olhos azuis, hora tão escuros como negro, hora tão claros como um céu estrelado. Seus cabelos castanhos ondulados desciam sobre seu busto e ombros nus tão alvos como uma vela, e seus lábios vermelhos era um choque em meio a sua pele branca.
- Seja bem vinda a minha humilde festa, Elizabeth Bolton – e inclinando-se para beijar sua mão – estive aguardando ansiosamente a sua chegada.
- O prazer é meu – seus olhos relampejavam – Alan, estive com saudades, por onde andou?
- Os estudos, um tempo fora do país, nada mais, fiz questão de fazer esta pequena comemoração pela minha formatura, nada muito extravagante.
- Sempre modesto assim? – riu – agora pode ir entreter seus convidados, não quero tomá-lo deles.
- De forma alguma, faço questão de acompanhá-la esta noite, se não a incomodar, claro.
- Será um prazer. – deu a mão para que ele a tomasse e o acompanhou pela sala.
A noite seguiu-se maravilhosamente bem, sentia o coração saltar toda vez que ela lhe direcionava um sorriso, e pra sua felicidade, não precisou sair do seu lado durante a festa inteira. Estavam na varanda e ele esqueceu-se do que conversavam olhando os cabelos castanhos esvoaçando levemente com o hálito frio da noite.
- Eu perguntei se você lembra-se de quando caiu do cavalo naquela tarde de outubro de 1941, eu acho, ou foi 42?
- Ah, hum- franziu o cenho pensando, tentando lembrar e ela riu.
- Claro que não se recorda disso, chorou como uma garota.
- De modo algum, encarei valentemente minha contusão.
- Com muitas lágrimas nos olhos. – Seus olhos eram só diversão.
- Não seja tão avarenta, você também chorou.
- Por que eu choraria?
- Ora, por mim, ficou preocupada, eu vi, pensou que eu ia morrer.
- Eu? Chorar? – abafou risos fingidos – obviamente que não, meu cavalheiro. – ela sorriu e encarou o céu escuro e adquiriu aquela beleza que as mulheres têm quando estão tristes. – eu senti sua falta quando foi embora.
Então ela sentiu, pensou, sentiu falta dele, aproximou a mão da dela e a apertou.
- Também senti, senti falta do seu cheiro. – Encostou levemente o nariz em seu pescoço nu e sentiu-o, ela arrepiou fracamente.
- Abrace-me, sinto frio, esqueci como aqui faz frio. – abraçou-a por trás e sentiu ela se entregar confortavelmente aos seus braços, o seu cheiro enchia-lhe e ele fechou os olhos de prazer. Ficou ali até ela se virar e olhar em seus olhos, e ele sentiu-se mergulhar naquela profundeza azul, mas era duro, e frio.
-Amo-o, mas amanhã voltarei para Paris, se você houvesse voltado mais cedo... Antes de tudo...
- Não precisa voltar, pode ficar aqui comigo... por favor... –sentiu a voz ficar frágil, tão perto agora e tão longe amanhã, não podia suportar isso, tomou o rosto dela em suas mãos e tentou penetrar em seus olhos de marfim. – Fique comigo por essa noite, é tudo que peço.
Os olhos dela vacilaram e relampejaram de duvida e certeza, mas o sorriso que brotou em seus lábios dizia tudo que ele queria ouvir sem palavra alguma ser dita.
Não demorou muito para o restante dos convidados terem partido.
- Sinto muito em abandonar vocês dois aqui, mas receio que minha Edilaine esteja ansiosa com minha demora, está demasiado tarde, boa noite a vocês senhores – despediu-se Sr. Carl.
Alan foi até a cozinha encontrar o mordomo Rodric ocupado com a louça suja.
- Está tarde, Rodric, pode ir para casa. – O velho mordomo não se assustou.
- É a senhorita da outra sala?
- Sim, ela mesma, deixe-nos, venha no inicio da próxima semana, tire os dias para descanso.
-Agradecido, senhor – e com uma leve reverencia, retirou-se aos seus aposentos a fim de levar suas coisas.
Encontrou-a com uma taça vazia ao seu lado na mesma janela onde esteve no inicio da festa, olhou-o e disse.
- Seus olhos estão quentes
- Talvez seja o que eu vejo que os deixe quente. – e chegando se mais a ela, uma mão subiu levemente para sua nuca e a outra para sua cintura e trouxe-a levemente para próximo do seu corpo, ela deixou-se ir sem demonstrar nenhum protesto. Os braços dela se enrolaram em seu corpo e o beijo ardeu em seus lábios. As mãos dela desciam pelo seu corpo e o agradava levemente, enquanto ele a tomava cada vez mais em um abraço avassalador. Ela chegou ao seu ouvido e ronronou calorosamente:
- Leve-me para sua cama, leve-me agora. – e com um empurrão, livrou-se do seu abraço e desfilou sensualmente até as escadas, onde levando suas mãos as costas, encontrou um zíper que descendo livrou-a do vestido escuro, revelando seu corpo escultural, suas roupas de cetim azul claro em sua pele branca eram uma visão sensual do céu. Acompanhou-a enquanto subia lentamente, seduzindo-o. Abriu a porta do quarto e sentou-se na beira da cama, esperou ele chegar mais perto e puxou-o, desafivelando seu cinto enquanto encostava os seios firmes em seu corpo. Quando terminou de desafivelar o cinto e abrir sua calça, empurrou-o e virando-se, deitou-se na cama. Seus olhos relampejavam. Sentiu o prazer subindo pelo seu corpo, o coração batendo excitante, a vertigem crescendo, o arrepio pela espinha, o desejo. Subiu na cama e ela tomou-o em um beijo quente, suas mãos vasculhando seu corpo em direção a um prazer maior, beijou-a em seu pescoço e desceu levemente aos seus seios, desnudando eles, beijou-os e ouviu-a suspirar de tensão, continuou. Levou suas mãos a eles e apertou-os, ela vibrou, então, subindo as mãos pelo busto nu, massageando carinhosamente, encontrou seu pescoço tão bem feito, acariciou levemente e com os dedos abraçou-o violentamente. O rosto dela enrubesceu enquanto ele apertava gostosamente os polegares contra a goela dela. Tentou se livrar, mas em vão, as fortes mãos dele a agarravam violentamente e carinhosamente ao mesmo tempo. Teria demorado menos tempo, mas aquilo dava tanto prazer a ele que levou quase cinco minutos para acabar com ela, quando viu seus olhos acusadores relampejarem uma ultima vez, disse:
- Não se engane, todos são assim, apenas sou mais sincero que eles.
E beijou uma ultima vez seus lábios agora frios.

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